Recomendações para o Consumo de Pescado
O consumo de peixe oferece inúmeros benefícios à saúde, incluindo a prevenção de doenças cardiovasculares e a melhoria do desempenho cognitivo, devido à sua riqueza em nutrientes como ácidos gordos ómega-3 (EPA e DHA), iodo, selénio, e vitaminas D, B1 e B12.
Contudo, é importante equilibrar os benefícios com os riscos associados ao consumo de espécies com elevado teor de metilmercúrio, um contaminante que se acumula em alguns peixes devido à bioacumulação ao longo da cadeia alimentar. Este risco é mais significativo para populações vulneráveis, como grávidas, mulheres a amamentar, bebés e crianças, uma vez que a exposição a altos níveis de mercúrio pode impactar negativamente o desenvolvimento cognitivo.
Espécies Seguras e de Consumo Moderado
Médio e baixo teor de mercúrio (limitar a 3-4 vezes por semana): Abrótea, bacalhau, cantarilho, carapau, cavala, chicharro, choco, corvina, dourada, faneca, garoupa,linguado, lula, perca, pescada, polvo, pota, pregado, raia, "redfish“, robalo, rodovalho, salmão, salmonete, sarda, sardinha,, sargo, solha, tamboril, truta e atum em conserva.
Elevado teor de mercúrio (evitar consumo): Atum fresco, cação, espadarte, maruca,
pata roxa, peixe espada e tintureira.
Boas Práticas de Consumo
Escolha peixes de menor porte e no final da cadeia alimentar, pois possuem menos tempo de exposição ao mercúrio.
Varie as espécies consumidas e limite o consumo de pescada com mais de 1 kg a uma vez por semana.
Um estudo recente realizado em Portugal identificou que até mesmo espécies tradicionalmente consideradas seguras, como a pescada com mais de 1 kg de peso, podem apresentar níveis de mercúrio preocupantes. Assim, recomenda-se consumir peixes de pequeno porte (menos tempo de exposição ao metilmercúrio).
Recomendações Gerais para um Consumo Seguro
Variedade é fundamental: Alterne entre diferentes espécies de peixe ao longo da semana para minimizar o risco de exposição a contaminantes.
Prefira peixes mais pequenos: Eles possuem menos tempo de exposição ao mercúrio, sendo uma escolha mais segura.
Atenção às porções: Evite grandes porções e tenha especial cuidado ao escolher peixes maiores ou de topo da cadeia alimentar.
Populações de maior risco: Grávidas, mulheres a amamentar, crianças e bebés devem ter cuidados redobrados e limitar o consumo a espécies de menor risco.
Cuidado com a frequência. Limitar ao máximo de 3-4x por semana.
Estas orientações baseiam-se em estudos recentes e nas recomendações de entidades como a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, que reforçam a importância de informar e proteger o consumidor.
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Fontes
As novas recomendações de pescado foram desenvolvidas por um grupo de trabalho promovido pela Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) e que integrou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
Estudo português referido
Rodrigues ET, Coelho JP, Pereira E, Pardal MA. Are mercury levels in fishery products appropriate to ensure low risk to high fish-consumption populations? Mar Pollut Bull. 2023 Jan 1;186
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